Fundos cambiais são modelos de investimento que rentabilizam utilizando a variação positiva das moedas estrangeiras. Servem para proteger o investidor contra a desvalorização do real.

Os fundos cambiais são produtos financeiros que até pouco tempo eram acessíveis somente a investidores com mais capital.

Atualmente, existem outras opções no mercado, que possibilitam aplicações de baixo valor.

Assim, fundos cambiais são modelos de investimento cada vez mais conhecidos, também entre pequenos investidores.

As moedas estrangeiras também são ativos presentes em outros produtos do mercado financeiro, como os minicontratos.

Quer entender mais sobre os fundos cambiais e formas de rendimentos desses investimentos? Continue a leitura deste artigo, onde iremos abordar:

Boa leitura!

O que são fundos cambiais

Fundos cambiais investem em moedas estrangeiras, como o dólar.

Os fundos cambiais são fundos de investimento abertos e focados em ativos relacionados a moedas estrangeiras, como o euro ou dólar.

É uma boa oportunidade de diversificar sua carteira de investimentos e rentabilizar seu capital a partir da valorização dessas moedas.

Por exemplo, sempre que o dólar sobe, o investidor ganha.

Com um cenário econômico mais volátil como é o brasileiro, o fundo cambial é uma forma de proteger o investidor e seu dinheiro das variações do mercado.

Os fundos cambiais servem para o investidor se prevenir para que a alta de uma moeda não prejudique seus planos.

Esses fundos também são um meio do investidor realizar o chamado hedgeHedge é uma estratégia de proteção contra oscilações da moeda nacional.

hedge é fundamental para empresas que possuem relacionamento comercial com outros países, por exemplo.

Dessa forma, o investidor compensa a variação positiva da moeda estrangeira, com os ganhos obtidos pelo investimento, evitando prejuízos.

Em resumo, os fundos cambiais protegem o poder de compra de pessoas físicas ou jurídicas, pois evitam que a desvalorização da moeda nacional impacte seus rendimentos ou capital de forma negativa.

Diferenciais dos fundos cambiais

Proteção contra a valorização de moeda estrangeira, sobretudo para aqueles investidores que possuem passivo no exterior.

Facilidade operacional na aplicação via fundo de investimento, se comparado a comprar diretamente a moeda estrangeira. Vale lembrar que tanto as aplicações quanto os resgates são feitos em reais.

Diversificação para a carteira do investidor, dada a baixa correlação de moedas com os ativos locais.

Como funciona um fundo de investimento

Para entender o que são fundos cambiais, vamos explicar, rapidamente, o que são fundos de investimento.

Os fundos de investimento são realizados por um grupo de investidores, chamados de cotistas. Cada investidor adquire cotas do fundo, que poderão ter ativos de renda fixa, renda variável ou ambos.

Cada fundo de investimento conta com um gestor: um profissional ou uma empresa especializada, que decide em quais ativos aquele fundo irá investir.

É esse gestor que gerencia a carteira e realoca investimentos de todos os cotistas, sempre que possível, a fim de aumentar a rentabilidade dos produtos e, consequentemente, do fundo.

Existem fundos de investimentos variados, tais como:

Como exigência da CVM, no mínimo 80% do patrimônio líquido do fundo cambial deve estar investido em ativos relacionados direta ou indiretamente a tal fator de risco.

Ou seja, no caso dos fundos cambiais, o gestor deve investir mais de 80% em ativos relacionados às moedas estrangeiras. Os outros 20% podem ser alocados em produtos de renda fixa (fundos ou títulos), como CDB ou derivativos, por exemplo. Assim, é possível reduzir parte do risco desse investimento.

Os gestores trabalham através de derivativos, via contratos futuros de moeda ou operações de swap cambial. Ainda, é possível que invistam em títulos públicos ou privados denominados em moedas estrangeiras.

Tipos de fundos cambiais

Os fundos cambiais podem ter a estratégia de hedge, ou seja, proteger a desvalorização da moeda atrelada aos ativos do fundo.

Renda Fixa: atrelados a um ou mais setor/país. Geralmente é sensível às taxas de juros, podendo estar exposto às obrigações de empresas ou dívidas do governo.

Ações: Investe em ações de empresas que têm suas receitas e despesas atreladas ao câmbio.

Hedge Funds: é o equivalente global aos nossos fundos multimercados. O risco é derivado de vários tipos de ativos que o portfólio investe. Podem ser renda fixa, câmbio e juros (incluindo títulos da dívida externa, real estate, ativos alternativos).

Portfólios Globais: aplica em outros fundos que podem ter em seu portfólio diversos tipos de ativos (renda variável, renda fixa, imobiliários ou commodities). A diferença para os multimercados é que estes compram os ativos através da seleção de fundos.

Rentabilidade dos fundos cambiais

No primeiro semestre de 2019, segundo a Anbima, os fundos cambiais renderam 8,6%. Como referência, no mesmo período, o CDI (principal referência de rendimento dos investimentos de renda fixa) rendeu 4,2%.

Mas, entre os meses de 2019, foram observadas variações consideráveis na rentabilidade dos fundos cambiais, como você pode ver na tabela abaixo:

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto
Fundos (5,46) 2,84 4,65 0,63 0,21 (1,96) (0,64) 8,62
Dólar * (5,75) 2,37 4,23 1,25 (0,12) (2,87) (1,76) 9,92

Vale a pena investir em câmbio?

Com certeza os fundos cambiais são uma boa oportunidade de investimento. No entanto, é importante reforçar que, por ser um investimento de rentabilidade variável, oferece riscos.

Assim, somente invista em moedas estrangeiras se você já possui uma reserva de emergência e se esse investimento for aderente aos seus objetivos e ao seu perfil de investidor.

Para auxiliar na análise, vamos trazer, em seguida, as vantagens e desvantagens desta opção de investimento.

Vantagens e desvantagens de investir em câmbio

Os fundos de investimento, no geral, são operações bastante práticas, já que ao investidor cabe, apenas, a compra das cotas.

Todas as decisões são tomadas pelo gestor, que é um profissional habilitado e qualificado para analisar o mercado e traçar estratégias.

Fundos cambiais oferecem, então, praticidade aos investidores que não possuem tanto conhecimento, tempo ou interesse em ficar acompanhando as movimentações da economia.

Outra vantagem é a liquidez, que pode ser alta. Além disso, o fato de permitir que o investidor ganhe em momentos de crise econômica nacional é, com certeza, um dos principais benefícios desse modelo de investimento.

Por outro lado, os investidores devem estar atentos ao histórico dos fundos cambiais antes de comprar as cotas. Alguns fundos não rentabilizam o suficiente sequer para cobrir as oscilações do dólar.

Nestes casos, para melhor entendimento, seria mais vantajoso comprar a moeda física em uma casa de câmbio e deixá-la guardada embaixo do colchão, como antigamente se fazia.

É claro que não estamos incentivando que você faça isso. Apenas preste atenção para escolher um fundo que ofereça as melhores chances de uma maior rentabilidade.

Outro ponto negativo é o custo. Alguns fundos cambiais possuem uma taxa alta para administração ou performance, ainda que ofereçam possibilidades de aplicações de menor valor.

Os fundos cambiais são investimentos de risco, já que a análise da economia e as previsões não são uma ciência exata.

Também é importante olhar para o benchmark (indicador de referência) para a performance da carteira. Por exemplo, a Ptax para os fundos que têm o dólar como referência é uma das possibilidades. Ou seja, a ideia é que a rentabilidade do fundo seja acima da Ptax.

Ainda que o gestor do fundo seja altamente capacitado, o cenário econômico pode, por inúmeros motivos, ter uma reviravolta, desestabilizando a estratégia adotada e prejudicando os ganhos.

Para quem são indicados os fundos cambiais

Os fundos cambiais são indicados para investidores que desejam se proteger das oscilações das moedas estrangeiras, rentabilizando com as quedas da economia nacional.

É uma boa oportunidade para quem deseja viajar ao exterior, por exemplo.

Se você tem uma viagem programada para 2 anos, pode evitar que uma alta do dólar tenha um impacto negativo nos custos previstos para a viagem.

Para isso, o fundo cambial é uma boa alternativa, já que vai permitir compensar a valorização da moeda com o rendimento obtido através do investimento.

Este produto não é indicado para o investidor que deseja aumentar seu capital a longo prazo. Existem opções mais adequadas para este fim, como:

Se você deseja conhecer os investimentos adequados para cada tipo perfil, leia os artigos que recomendamos:

3 formas de investir em dólar

Se você gostou da possibilidade de obter ganhos com a variação do câmbio, saiba que existem outros modelos de investimento que utilizam ativos relacionados a moedas estrangeiras.

Abaixo, apresentamos 3 formas de investir em dólar, além dos fundos cambiais. Conheça:

Papel moeda

Comprar dólar em papel é sempre uma opção. Você pode aproveitar quando a moeda estiver em baixa para comprar uma quantidade e manter guardado.

Em caso de uma recuperação da moeda, você poderá vender o dólar ou, ainda, usar para uma viagem, por exemplo.

Apesar de ser uma boa forma de se proteger contra a variação do câmbio, existem outras opções que oferecem rendimentos superiores à variação, compensando mais para quem deseja lucrar com a alta ou a queda da moeda.

Ações de empresas exportadoras

Se você deseja investir em ações, pode ser uma boa opção escolher algumas empresas exportadoras para compor seu portfólio.

Empresas que negociam com mercados estrangeiros têm seus resultados diretamente relacionados à variação das moedas desses mercados.

Assim, uma empresa que vende produtos ao exterior, por exemplo, aumenta a sua receita quando a moeda valoriza, pois recebe em dólar. O lucro também é maior, já que essa empresa tem seus custos em reais.

Ganhando em dólar e pagando em real, a margem de lucro da empresa pode ser mais interessante do que empresas com negócios somente dentro do país.

Conheça algumas opções de ações com operações comerciais internacionais:

Confira a lista com mais ações negociadas na B3 (antiga Bovespa), clicando aqui.

Contratos futuros e minicontratos

Consiste em negociar ativos para liquidação futura, fechando a compra ou venda do ativo por um preço determinado. A operação só acontecerá, no entanto, em data futura, e irá considerar o preço daquele ativo para pagar ou cobrar a diferença do valor negociado.

É possível negociar contratos de commodities, índice e dólar. Já o minicontrato só permite negociação de índice e dólar.

Voltado para pequenos investidores, possui como mínimo para operação a negociação de 1 contrato, no valor de US$ 10 mil.

Apesar de ser um valor alto, o investidor não precisa desembolsar essa totalidade. Os minicontratos trabalham com margem de garantia, um percentual sobre o valor total que servirá como capital de investimento. O nome desse procedimento é alavancagem.

Riscos de investir em fundos cambiais

Os fundos cambiais são produtos atrelados à variação de moedas, ou seja, não podem ter seus ganhos ou prejuízos previstos.

Da noite para um dia, um evento no exterior pode impactar toda a economia mundial, fazendo o dólar cair e prejudicando os seus rendimentos.

Ou um discurso de um representante político pode ser responsável por uma alta do dólar, o que garantirá lucro para quem tiver investido em fundos cambiais – apesar de a notícia não ser motivo de comemoração para o país.

Assim, podemos dizer que o maior risco do fundo cambial está na imprevisibilidade e no fato de que não somos responsáveis nem temos controle sobre essas oscilações.

Tributação de fundos cambiais: como funciona

Assim como os produtos de renda fixa, os fundos cambiais têm tributação decrescente em relação ao prazo da aplicação. Lembrando que o IR é aplicável somente sobre o lucro da operação, e não sobre o valor investido.

Fundos de Curto Prazo (papéis com vencimento abaixo de 365 dias)

Duração da aplicação Alíquota IR
até 180 dias 22,5%
Acima de 180 dias 20%

Fundos de Longo Prazo (papéis com vencimento acima de 365 dias)

Duração da aplicação Alíquota IR
até 180 dias 22,5%
de 181 a 360 dias 20%
de 361 a 720 dias 17,5%
acima de 720 dias 15%

Além do IR, os fundos cambiais também estão sujeitos à cobrança de IOF. A cobrança só é realizada se o resgate do investimento for realizado em período igual ou inferior a 30 dias.

O percentual tributável tem variação conforme a quantidade de dias corridos desde o investimento até o resgate, conforme tabela:

Dias corridos Limite tributável
1 96%
2 93%
3 90%
4 86%
5 83%
6 80%
7 76%
8 73%
9 70%
10 66%
11 63%
12 60%
13 56%
14 53%
15 50%
16 46%
17 43%
18 40%
19 36%
20 33%
21 30%
22 26%
23 23%
24 20%
25 16%
26 13%
27 10%
28 6%
29 3%
30 0%

Além disso, há, também o chamado come-cotas. No último dia dos meses de maio e novembro há dedução de 15% (para investimentos de longo prazo) ou 20% (para investimentos day trade).

O come-cotas é chamado assim pois ele reduz a quantidade de cotas que você possui, sendo aplicável para qualquer fundo de investimento. A cobrança é um adiantamento obrigatório do imposto de renda.

Importante entender: o come-cotas não é uma dupla tributação. Se você manter a operação por tempo suficiente até a alíquota mínima de IR, por exemplo, e tiver pago, durante todo o período, o come-cotas, você não precisará pagar nada no resgate do seu investimento.

Conclusão

Os fundos cambiais possibilitam uma alta lucrativa, trazendo riscos igualmente elevados.

Os fundos cambiais são uma opção de investimento cada vez mais conhecida pelos pequenos investidores, já que estão mais acessíveis, com possibilidades de aplicações de baixo valor.

Apesar dos altos riscos, oferecem também a oportunidade de altos rendimentos. Avalie o histórico da rentabilidade do fundo antes da aquisição das cotas, mas lembre-se que isso não será garantia de ganhos futuros.

Fonte: XP Investimentos 

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